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sábado, 14 de dezembro de 2019

O HOMEM QUE IA MORRER DEPOIS DE AMANHÃ - Parte 2

Acordou super cedo com uma animação inusitada. Os braços do ventilador de teto pareciam girar mais rápido, como que comemorando a vitória sobre o calor. Ele era outro homem porque ontem soubera que iria morrer amanhã. Sendo outro homem, olhou para a rotunda desejável que dormia ao seu lado e ficou excitado. Impressionante que depois de tantos anos sem manifestação alguma nem para uma masturbação solitária, agora que sabia que ele ia morrer o seu pau se arvorava no direito de um derradeiro prazer como um condenado ao cadafalso.

Puxou fortemente a mulher de lado e beijou o pescoço dela com tanto ímpeto e prazer que o deixou roxo. A parceira de cama acordou surpreendida achando que ali estava outro homem, pois ele começou a beijar os seios dela e a lambê-la literalmente de cabo a rabo. Ela sentiu um membro enrijecido disposto a penetrá-la avidamente. A volumosa, sem entender nada, começou a gostar ainda mais da estória quando o homem, que não podia ser o impotente do marido, montou em cima dela e começou a comê-la com um desespero de presidiário que não fazia sexo há dezenas de anos. O tal a virou do avesso introduzindo o pênis tarado por trás dela com tanta voluptuosidade que quase rasgou as nádegas da mulher, que urrou de prazer gozando sem parar. Ele a virou de frente novamente e colocando o pau na boca dela mandou que chupasse gostoso, no que foi obedecido prontamente. O marido quase desconhecido liberou um orgasmo contido há tanto tempo que transbordou da boca da vadia para a cama, da cama para o chão e do chão para o teto do quarto. Então, saciado o seu tesão, ele enfiou a mão na cara da esposa devassa, que adorou e pediu mais. Ele a atendeu e enfiou a mão na cara dela sem parar, cobrindo a vagabunda de porradas. Ela nem teve tempo de gritar, de tanto que apanhou. O homem que ia morrer amanhã bateu até que a mulher ficasse inerte, com sua farta gordura espalhada pela cama. Com uma tesoura enorme e afiada cortou a língua da safada, que não mais o chamaria de brocha ou frouxo. Aliviado, o desproporcionado acendeu o primeiro cigarro do dia e não tossiu porque era um novo homem, era alguém que iria morrer amanhã.

Limpou a tesoura no lençol e a colocou no bolso junto com toda a grana que tinha. Fechou a porta do quarto, trancou a casa e foi até o bar da esquina que era de um dos caras que comia a sua "esposa". O magrelo desgraçado dono da espelunca só lhe dava café adormecido com leite sem nem esquentar e ainda preparava o pãozinho na chapa suja, com as mãos mais imundas ainda de coçar o saco, porque o lugar vivia às moscas. Tomava o café da manhã ali há tanto tempo que já se habituara a ser mal tratado. Na verdade ele era um verdadeiro saco de pancadas ambulante. O dono do bar acabara de abrir as portas e quando o viu foi logo falando: - bom dia trouxa vai um leitinho gelado aí? E abriu a bocarra numa gargalhada ridícula. Quando o desavisado abriu a boca de novo, o homem que ia morrer amanhã, sem pensar, porque sua cabeça era despovoada de idéias, puxou a língua do gargalhante e a cortou com a tesoura afiada. Nunca mais o palhaço falaria bom dia trouxa para ninguém. Levantou o magrelo pelo colarinho feito uma pluma, colocou-o em cima do balcão e foi deslizando o coitado em cima dos copos de vidro enquanto o sangue jorrava da boca dele. Tirou várias garrafas de leite da geladeira e despejou no ex-linguarudo perguntando: - vai mais um leitinho gelado aí? Jogou o dono do boteco totalmente estropiado sobre as mesas, destruindo tudo. Limpou a tesoura numa toalha e enquanto o cara chorava de dor, todo sangrento e arrebentado, desceu a porta do bar e retirou-se calmamente em direção ao ponto do ônibus, bem na hora em que chegou o coletivo que tomava pontualmente todos os dias às seis da manhã.

Entrou no ônibus e logo o cobrador que passava todas as viagens atormentando-o, riu sonoramente dizendo alto: - salve “rolha de poço”, vai entalar na catraca de novo? Só que agora o homem sabia que morreria amanhã e também que nunca mais iria entrar naquele ônibus e ouvir “salve baleia”, “salve balofo” ou “salve balão”. O negão ria despreocupadamente das suas próprias piadas durante o trajeto todo... “E aí jumbo, fala paquiderme” e depois continuava com “vai sambar aonde rei momo?”“Alguém quer comer um pudim de banha?”O homem levantou do banco e o cobrador gritou: “- sai da frente que o tonelada se mexeu!” “Já vai descer, jóquei de elefante?” perguntou com os dentões brancos contrastando com a pele de ébano. O homem de cabeça desprovida de raciocínio se aproximou da catraca. Inesperadamente catou as orelhas do cobrador apertando-as até sangrar e bateu brutalmente a cabeça do pobre três vezes na mesinha de dinheiro. Quando o apavorado gritou, cortou o órgão carnudo e móvel situado dentro da boca dele com a tesoura sem piedade e o arrastou por cima dos passageiros até atirá-lo pela porta de trás com o ônibus em movimento. Os passageiros, desesperados, passaram a gritar socorro e o motorista brecou o ônibus assustado. O homem que ia morrer amanhã colocou o dinheiro da passagem em cima da mesinha, passou apertado pela catraca e desceu imperturbado do veículo, não sem antes limpar o sangue da tesoura na gravata do aterrorizado condutor do coletivo.

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