Foi levado ao hospital Albert Einstein, integrante do seu convênio médico, repleto de escoriações, com cortes profundos na perna, rosto e cabeça, quase duzentos pontos no total, fora o esparadrapo no queixo que tinha sido trocado, mas agora ele nem chamava a atenção no meio de tantos curativos. Entretanto o seu estado geral era bom. Nada se quebrara em seu corpo. Vários compromissos já tinham ido para o espaço, mas daria para chegar tranquilamente a tempo da reunião do conselho. Estava em observação, mas devido ao ótimo relacionamento dele com o diretor do hospital, assinou um termo de responsabilidade e recebeu alta. Não sem antes receber a visita de policiais que lhe entregaram um boletim de ocorrência, onde era apontado como o responsável pelo acidente em que três pessoas tinham perdido a vida. Pelos exames a que o submeteram fora constatado que ele estava alcoolizado e drogado, bebera e usara drogas até quase o amanhecer, portanto a sua habilitação estava retida e ainda enfrentaria processo por homicídio doloso.
Ao sair do hospital recebeu no celular uma ligação do filho de 19 anos. O garoto informava que tinha entregado a Pajero da família a uns traficantes de drogas a quem ele estava devendo muito dinheiro. Falou para o pai tomar cuidado porque ele tinha esquecido o documento da perua no porta-luvas e certamente esses bandidos barras pesadas iriam cobrar dele o restante. Avisou ainda que levara os dólares do cofre. Achava melhor viajar para os Estados Unidos e sumir por um tempo até as coisas acalmarem. Pediu para o pai mandar beijos para a mãe e para a irmã. Mandaria notícias. Disse ainda, com a maior cara de pau, para o pai não se preocupar que ele saberia se virar muito bem. José ficou tão chocado com a conversa que outra vez não conseguiu reagir. A sua vida estava tomando um rumo tão complicado à sua revelia que ele não estava compreendendo as várias situações difíceis se sucedendo. Atravessou a rua à procura de um táxi, pelo menos queria garantir presença na importante reunião na empresa. Mesmo aparecendo totalmente estropiado, demonstraria o quanto considerava prioritário o trabalho em sua vida. Foi andando e ao passar por um mendigo jogado na calçada, constatou que tinha gente com muito menos sorte do que ele. Tirou uma nota de dez reais do bolso e a entregou ao pobre coitado que agradeceu dizendo boa sorte irmão, deus te abençoe. Chegou ao ponto de táxi e claro que não havia nenhum carro disponível naquele momento.
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