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sábado, 14 de dezembro de 2019

O NEGÃO - Parte 3


Imediatamente apelidaram o rapazote de Negão Japonês. Nem pensem que havia alguma distinção pejorativa das crianças em relação a essas raças. O menino era negro e não tinha o menor problema em ser chamado de Negão, aliás, assim era chamado o seu pai. E o Japonês complemento do apelido também não apresentava nenhuma destrinça a essa raça de tanto destaque em nosso planeta, mas pegava firme no brio de negão do moleque porque isso remetia às propaladas características orientais de terem o canudo acanhado. Ele sentiu-se o mais desprezível dos seres. Todos os negros do mundo eram possuidores de privilegiados cacetes, os famosos três-pernas. Por que isso fora acontecer justo com ele? O seu pai era detentor de um badalo de 33 centímetros, por que com ele a genética falhara? Tudo em seu corpo era primoroso, se não fosse esse maldito detalhe que lhe atravancava a vida social desde cedo.

Quando o menino fez 13 anos os pais, compadecidos com a tristeza do garoto e preocupados com a precariedade do futuro sexual do pimpolho, resolveram consultar os principais especialistas no assunto, já que os pediatras nada haviam feito alegando que o gaiato estava em fase de desenvolvimento. Mas os especialistas consultados julgaram que aquela situação inusitada não poderia esperar para ser resolvida. Aquele indício de espiga era um desafio para a ciência.

O primeiro especialista recomendou aumentar a hastezinha através do método da tração. Os seus estudos indicavam que uma bengala submetida à tração gradual e contínua, poderia obter um aumento do tecido peniano de até 2,5cm em quatro meses. E lá foi o Negão Japonês colocar o milagroso aparelho esticador de bambu por pelo menos dez horas diárias. Foi um custo para construírem um microscópico instrumento que se adaptasse a tão pequeno bigorrilho. Estica dali, estica daqui e nada da flechinha se movimentar. Aumentaram a tração para o máximo, mas o cabeçudo não se movimentou um milímetro. Desafiado por tão retumbante fracasso, o especialista resolveu apelar para a instalação de bombas a vácuo acopladas ao aparelho de tração, para que a vaso-dilatação contribuísse para o crescimento daquele mísero caralho de merda, mas desistiu. Conseguia resultados temporários, mas era só retirar toda a traquitana que o dengoso voltava ao estado de quase inexistência. O Negão Japonês frustrou-se e recolheu-se conformado a sua secundária posição de eunuco em plena adolescência.

Os pais do menino não desistiram e foram à procura de outros peritos, viajando com ele para a Europa. O primeiro clínico consultado por lá prometeu solução através de um método natural, receitando uma série de exercícios em que o menino utilizaria as próprias mãos. O Negão Pai quase teve uma síncope no consultório. Se o moleque não conseguia manipular a porra da girombinha, como iria exercitá-la? O cara queria aumentar o pênis do menino com punhetas? Ia pagar uma fábula para uma estultice dessas? Chamando o médico de charlatão, foi atrás de cientistas mais sérios numa verdadeira maratona. O Negão Japonês foi cobaia de vários experimentos. Na sua jebinha prenderam pesos, instalaram aparelhos de estimulação eletromagnética, passaram pomadas, deram banhos de ervas. Tentaram cirurgias, injeções de metacril e gordura. Nada deu certo. Finalmente derrotada a ciência, apelaram para curandeiros e benzedeiras, mas a mangueirinha não cresceu nem com reza braba. O auge do insucesso ocorreu quando um desavisado médico sugeriu que o menino extirpasse logo o embrião de banana e mudasse de sexo. Isso foi demais. O Negão Pai quase matou o doutor de pancada...

Quando o garoto contava 15 anos, estava tão belo e imponente que já havia iniciado a trabalhar como modelo, ao mesmo tempo em que seguia os estudos numa conceituada escola parisiense. Com um físico privilegiado, aproveitava para praticar diversos esportes. Vivia, entretanto, esgueirando-se pelos vestiários masculinos e só tomava banho em sua casa. Tinha o inconveniente de ter que urinar sentado como as mulheres, pois senão lambuzava-se todo, mas isso só acontecia nos reservados dos toaletes, portanto conseguia ocultar esse procedimento dos amigos. Apesar dessas restrições e do distanciamento que mantinha das mulheres, que dele nunca se tornavam mais íntimas apesar de se derreterem inteirinhas, o Negão Japonês relacionava-se muito bem com todas as pessoas. Era um aluno brilhante, um jovem alegre, espirituoso, começava a participar de campanhas publicitárias e ter fotos estampadas em publicações importantes. Mas sabemos que neste mundo vil e traiçoeiro nenhum segredo é guardado por muito tempo. Algum médico ou curandeiro havia aberto o bico e certa noite a sua família recebeu a visita de um empresário ucraniano, dono de um dos maiores circos do continente europeu.

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