Maria e seus pés
andaram por horas pela cidade. A falta de autonomia na decisão de seus passos
era insuportavelmente desagradável, mas ela sorriu lembrando-se da última
aventura. Nunca ela teria conscientemente e por vontade própria, encarado uma
situação como a que havia vivido. Maria considerava-se bonita dentro do normal,
morria de vergonha de tirar a roupa pela primeira vez na frente de um namorado
e mesmo com o aumentar da intimidade não se sentia completamente à vontade
permanecendo nua por muito tempo. Aquela experiência realmente mexera com ela,
com os seus desejos reprimidos. Sim, ela curtira ter provocado aquele bando de
desequilibrados. Dizem que muitas mulheres fantasiam secretamente realizar
ensaios eróticos para uma revista masculina e Maria, que nunca fantasiara nada,
descobrira um lado totalmente desconhecido para ela, um lado que os seus pés
lhe mostraram e sem que ela quisesse a fizeram explorar.
A jovem chegou à
faculdade onde cursava economia. Os seus pés a levaram até a sala de aula e a
posicionaram no centro da primeira fileira de carteiras. O professor de
estatística, um senhor de meia idade metido a moralista, um verdadeiro carola,
adentrou o recinto iniciando as suas tediosas explicações. Quando os alunos
permaneciam todos quietos na sala executando os trabalhos solicitados, Maria,
naquele momento sem tantos pundonores, pensou que seria engraçado provocar o
homem com uma cruzada de pernas a lá Sharon Stone. Ela acabara de lembrar que a
sua calcinha havia sido deixada no palco da casa de streaptease. Aquela
maluquice toda realmente estava mexendo com Maria. Nunca ela pensaria uma
bobagem como aquela. Não era o seu feitio, não combinava com o jeito dela,
arredia a essas estripulias mundanas. Não era uma jovem tão certinha e também
não saia tanto dos padrões, ou seja, transitava num nível de ações
convencionais. Não ultrapassava as barreiras medíocres das regras morais
vigentes e recomendadas pela sociedade. Mas ela estava muito tentada a realizar
aquela brincadeira, que nem era tão ousada assim. Esforçou-se em mover as pernas,
mas ela havia se esquecido de um detalhe fundamental. Não combinara aquilo com
seus pés, que pareciam não ter a menor intenção de lhe dar independência por
alguns instantes, nem para um ato de banalidade. Não conseguiu deslocar as
pernas um milímetro por mais que forçasse. Ia continuar com zero em
estatística, pensou Maria com o lindo rosto emburrado por não poder andar com
os próprios pés.
Os pés de Maria,
entretanto, tinham planos bem mais atrevidos para a moça naquela noite de sexta
feira. A jovem tinha uma queda oculta por um rapaz de quem era colega de
classe, que gostava dela, vivia lhe dando cantadas e convidando para sair, mas
Maria sempre recusava, não se permitindo entregar ao propósito saudável de ser
possuída. Nessa noite os pés de Maria aceleraram os passos, fazendo com que a
moça alcançasse o amigo. Os dois ficaram lado a lado, o que deixou o rapaz
sensivelmente feliz e Maria um pouco corada e constrangida, pois não sabia
quais seriam as intenções dos seus pés. Literalmente ela estava nas mãos dos
seus pés! O estacionamento era distante e Maria foi obrigada a ficar bem
juntinho, caminhando grudadinha com o amigo, o que o deixou excitado e fez com
que a abraçasse e perguntasse se ela toparia ir tomar um vinho na casa dele.
Ele não sabia, mas ela já estava indo, não tinha como voltar, escapar, não
poderia recusar desta vez. Maria estava sem alternativas e se controlasse as
suas pernas elas estariam tremendo, porque a moça estava com um misto de frio
na barriga e um calor insuportável em todo o corpo. Mas os pés de Maria não
tremeram e seguiram resolutos até o carro do rapaz, que nem acreditou quando
abriu a porta do automóvel e a sua paixão entrou sem pestanejar.
Já no
apartamento o rapaz ficou perplexo com a desenvoltura de Maria, que sem
delongas foi para o quarto e sentou-se em sua cama. Ele nem percebeu o olhar da
moça, que continha uma mistura de tesão com revolta por estar sendo
praticamente violentada pelas ordens dos seus pés. O apaixonado amigo,
estimulado pelo ar decidido que via em Maria, também nem pestanejou e tirou
toda a roupa em pé, bem na frente dela e quando estava completamente nu, meu
Deus, pensou Maria. Como podia um rapaz de tamanho mediano ter um pau tão
descomunal? O cara não era um simples bem dotado, ele era o próprio Homem de
Itu. O famoso Homem Jegue estava ali na frente dela e o pau dele já estava na
sua boca, indo e vindo até a sua garganta virgem. A jovem imaginou o que a
esperava. O rapaz retirou o vestido dela e ficou louco quando a descobriu sem
calcinha, sem mais nada por baixo. Ali estava o sonho de consumo sexual dele só
de sandálias na sua cama. As sandálias logo foram dispensadas, o que fez o
privilegiado ter a libido subir aos píncaros, pois estava beijando os famosos,
maravilhosos e deslumbrantes pés de Maria, que ficou com ciúme, pois aqueles
pés não eram mais dela e ela estava toda nua, pronta para ter momentos que
nunca se deixara desfrutar na vida.
Nenhum comentário:
Postar um comentário