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quinta-feira, 12 de dezembro de 2019

TADEU E MARIETA - Parte 4


Algumas semanas se passaram e em um belo final de tarde o extenuado banqueiro resolveu ir mais cedo para a luxuosa moradia. Ao entrar numa das várias salas ele se deparou com Tadeu e uma bela loirinha, ambos fazendo os deveres de casa. O vilão fez festinha para o filho e sua amiguinha, algo totalmente inusitado para Tadeu e também para a menina que não o conhecia. A esposa havia saído então ele foi à procura da governanta para saber quem era a coleguinha de Tadeu. Ao descobrir que a garotinha era filha do seu vizinho e carrasco, o juiz, quase subiu pelas paredes de raiva, transformando-se numa lagartixa nervosa e desvairada. A pobre governanta explicou que as crianças eram amigas desde o berço e não se largavam um minuto sequer. E que permaneciam grudadas o tempo inteiro que podiam todos os dias.

O banqueiro-lagartixa transtornou-se e teve o ímpeto de acabar com a amizade das crianças naquele instante. O seu filho ser amigo da filha do juiz era um absurdo terrível, um descuido extremo da sua esposa de papel. Ele sabia dos laços cordiais que a sua pseudo-mulher mantinha com a pseudo-mulher do vizinho, mas permitir a aproximação dos filhos era descaso, uma provocação demasiada. Foi até a sala onde estavam as crianças e ao vê-los felizes sentadinhos lado a lado estudando e conversando com deliciosos sorrisos nos lábios, uma idéia começou a fermentar em sua cabeça. Subitamente a sua mente maquiavélica começou a funcionar melhor e a desvendar a idéia. Quando fora solto da prisão havia prometido aniquilar o adversário dando um sumiço em sua filha, um dos piores golpes que um pai pode levar. Por ironia do destino, que normalmente é maquiavélico também, Tadeu e a filha do juiz, a doce Marieta, eram inseparáveis. O banqueiro não sabia ainda que as crianças tinham começado a se apaixonar no berço e que o amor delas crescia dia a dia e dessa forma teve o estalo para realizar um plano que fulminaria o juiz e eliminaria qualquer suspeita sobre ele. Mandaria raptar as duas crianças. Depois daria um jeito de Tadeu se salvar, eliminando a herdeira do nocivo magistrado. Era perfeito. Dessa forma o togado teria outras coisas mais a se preocupar além de persegui-lo, pensou o banqueiro com um sorriso enlouquecido na face.

As crianças seguiram a vida sem se preocupar com a malvadeza das pessoas. No coração delas só habitava o bem. Tadeu e Marieta se amavam e não tinham dúvidas disso. Não é que elas queriam ficar juntas para sempre. Como foi dito anteriormente, a separação diária era um verdadeiro tormento. Um sofrimento que refletia em todo o corpo como um vício do bem. Para exemplificar o sentimento das crianças só assim: elas eram viciadas e precisavam espiritual e fisicamente uma da outra. A vida não tinha sentido quando distantes. Pode soar deveras dramático ou fantasioso para pessoas que não tiveram a experiência de se viciar em outra. Não estou relatando aqueles casos doentios de ciúme ou relacionamentos possessivos, sentimentos apenas mundanos e rasteiros negativamente passionais. Esta história é de um amor pleno que invade a sua alma. E o seu corpo quando se dá conta já foi tomado amplamente. Imagine que isso aconteceu com Tadeu e Marieta desde o berço. Enquanto nenês só amam os peitos e os colos de suas mães, estas crianças já tinham plantado nos corações o amor que cresceria junto com eles saudável, absoluto e poderoso. Descobrir o amor pleno com menos de seis anos de idade é incomum, mas é possível conforme aqui está sendo descrito.

E numa tarde de um dia qualquer daquele ano, as mães de Tadeu e Marieta haviam saído com seus amantes para festinhas a quatro em algum motel. As crianças estavam sozinhas num dos quartos da casa do juiz e haviam decidido que pelo amor que sentiam estava na hora de fazerem sexo, descobrir na prática como aquilo funcionava. A babá do dia cuidava de vários afazeres e nem se preocupava em ficar vigiando crianças que não davam trabalho algum, sendo extremamente bem educadas e organizadas, fora a inteligência muito acima da média que detinham.

Tadeu e Marieta, frente a frente, estavam um pouco assustados com a importância daquele momento. Tinham pouco menos de seis anos de idade e uma consciência absurda sobre o significado do ato que iriam praticar. Um entendimento que muitos adultos nunca tiveram ou terão, por isso sexo para esses não é realmente prazeroso, não é entrega total e se transforma quase que numa masturbação solitária praticada a dois, cada um com seu orgasmo sem sincronia com o coração do parceiro. Tadeu e Marieta se amavam a mais tempo do que duram muitos casamentos atualmente, possuíam maturidade e principalmente certeza do que desejavam.

Olhavam nos olhos refulgentes um do outro quando Tadeu pegou nas mãos levemente trêmulas de Marieta e tentando aparentar segurança as beijou, abrindo um sorriso contagiante que tranqüilizou a ambos. Marieta com passos de desfilar se aproximou calmamente do menino e beijou Tadeu nos lábios. Um beijo suave e doce, carregado de meiguice. Mas desta vez o beijo foi ficando mais longo, foi durando, durando e ficando mais apaixonado, o que fez Tadeu sentir todo o seu corpinho aquecer. Marieta, com o seu corpinho também aquecido, afastou os lábios dos lábios do menino abrindo o sorriso de princesa. As alvas maçãs do rosto da menina estavam ruborizadas, mas ela continuava olhando bem no fundo dos olhos de Tadeu. Eles se abraçaram com um carinho tão gostoso que o novo beijo dado transcendeu os lábios, a língua e a boca daquelas crianças transformando-se em expressão pura de amor.

Tadeu e Marieta estavam acostumados com os gostinhos e os corpinhos nus um do outro, uma vez que até hoje tomavam banho juntos. Estavam conscientes de que para fazer sexo teriam que estar nus, algo para eles totalmente corriqueiro. Muito mais natural do que para um monte de gente que sai transando por aí com quem acabou de esbarrar. Tadeu e Marieta se conheciam desde o berço convivendo desde então diariamente, portanto se sabiam como ninguém se sabe em todos os sentidos e isso só dava maior tempero ao acontecimento. Só que desta vez era diferente, pois iam fazer sexo.

Marieta estava de vestidinho com alça. Tadeu estava de camiseta regata e bermuda. O menino delicadamente começou a roçar as mãos nos ombros da menina e com cuidado puxou as alcinhas de lado, levando o vestidinho ao chão. Marieta levantou os bracinhos de Tadeu e subiu a camiseta do menino, mas como todo garoto ele também era um pouco ansioso e desastrado. Quis ajudar, mas acabou enganchando a camiseta no pescoço se atrapalhando todo. Conseguiram juntos tirar a roupa dele e caíram na gargalhada. A deliciosa gargalhada deles contaminaria o ambiente mais fúnebre, por que as duas crianças iam fazer sexo por amor, descobrindo o que era aquilo na sua essência, sentimento que a maioria das pessoas não terá oportunidade de conhecer jamais em suas vidas.

As crianças eram a própria naturalidade e descontração. Tadeu abaixou a bermuda e a cuequinha de uma vez e Marieta com o charme que nasce com as lindas mulheres, nem pestanejou em tirar a calcinha. Completamente livres de corpo e alma, despojados de qualquer sentimento preconceituoso ou maldoso, as crianças estavam totalmente nuas, felizes e iam fazer sexo porque se amavam muito desde o berço e para sempre. Aquilo não era uma mera traquinagem, era sério demais, envolvia amizade, atração, companheirismo, cumplicidade e amor ao mesmo tempo. Na cabecinha deles estava gravado o dia do primeiro encontro, a troca de chupetas, o sabor desconhecido e agradável descoberto por ambos, a paixão avassaladora e instantânea que nascera naquele instante sagrado.Os seus coraçõezinhos batiam ritmados e enérgicos. Peladinhos um na frente do outro, eles se olharam novamente no fundo dos olhos que transbordavam emoção. Tadeu e Marieta se aproximaram num profundo abraço repleto de carinho e se beijaram intensa e longamente. Nus. Puros. Livres. Verdadeiros. Com esse beijo carregado de tanto amor e paixão, as crianças se fundiram numa só e juntas atravessaram o tempo e o espaço. Tadeu e Marieta passaram a não ter mais idade nenhuma, eram apenas vida pulsando felicidade e por isso nem mais cabiam na sala, na casa, no bairro, na cidade ou no planeta. O amor deles era muito além e talvez só coubesse no infinito e em todos os tempos.

Quando a babá entrou no recinto viu uma cena digna de ser esculpida por Michelangelo. As duas crianças adormecidas, abraçadinhas e nuas no tapete do quarto. O sexo que realizaram a tarde toda os havia extenuado física e psicologicamente, mas nada que um bom lanchinho não os revigorassem prontamente. A babá acordou as crianças e mandou que colocassem as roupas imediatamente, pois não era para elas ficarem andando peladas pela casa. A pacata mulher, com seu jeito terno, não assustaria nem um bebê com aquela bronca. Tadeu e Marieta se olharam com o olhar maroto de quem acabou de descobrir literalmente o parceiro e se vestiram bem devagar, curtindo ainda os momentos de intimidade que haviam compartilhado enquanto a moça saía para preparar sucos e bolachinhas. Prometeram que a partir daquela tarde fariam sexo sempre que pudessem, pois o amor que sentiam havia agora ficado completo, incandescente, infinito e eterno. Definiram que num futuro breve morariam juntos. Teriam que dar um jeito nisso de alguma maneira. A separação diária com certeza seria muito mais dolorosamente insuportável a partir daquela tarde.

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